Sempre existe espaço para boas surpresas nos atuais projetos
audiovisuais veiculados pela internet que convidam o espectador à participação.
Associado principalmente ao surgimento das novas mídias, o uso do conceito de interatividade
parece ser necessário a estas produções para que sejam bem sucedidas. Assim, um
grande número de obras utiliza recursos interativos para conseguirem uma aceitação
maior junto ao público. Exemplos disso são o vídeo interativo de Bob
Dylan Like a Rolling Stone lançado quase 50 anos depois da música e o projeto
Arcade Fire the Wilderness Downtown, de Chris Milk.
Os projetos são interativos. Dependem de escolhas do interator para
alcançarem o objetivo. Embora seja possível assistir todo o vídeo de Bob Dylan
apenas em um canal, quando percebemos que trata-se de um aparelho virtual de
TV, em que podemos trocar os canais, “zapear” à vontade, nos surpreendemos em
descobrir que as celebridades de programas de TV conhecidos estão cantando a
música. Mude o canal e verá programas de culinária, moda, venda
de usados, telejornal, tudo como deveria ser, mas todos cantando Like a Rolling
Stone. Este é o clipe da música. Uma brincadeira com o próprio hábito do
zapping, mudamos o canal, mas a música continua.
Like a Rolling Stone - Bob Dylan |
Arcade Fire the Wilderness Downtown, de Chris Milk. |
Ambos os trabalhos utilizam arquivos de imagens que são acionados de
acordo com a escolha do interator. Tais arquivos possuem um número de
imagens pré-definidas, mesmo no caso do arquivo do Google Street View. Este é o
ponto chave da principal discussão sobre a interatividade. Como dizer que um
projeto é interativo quando existe um limite de interação, se o interator só
pode agir dentro de um banco de dados específico e pré-definido?
Talvez a resposta seja o que será feito dentro das possibilidades
apresentadas. Desta maneira, segundo Levy, o espectador que interage com a obra
acaba escrevendo sua própria obra, participa da estrutura do hipertexto e cria
novas ligações mesmo que dentro de um universo limitado. Para Santaella (2011),
o espaço aberto para o receptor passa a ser um espaço de inclusão, quando o
artista convida o público a remixar sua proposta, curioso com as mutações que
podem resultar do papel desempenhado pelo público.
Talvez por isso a interatividade ainda que dentro de limites previstos
por programadores seja uma receita de sucesso para novos produtos culturais,
pois aliada à criatividade desperta em nós sensações que se potencializam com a
ideia de sermos nós, enquanto co-criadores quem definimos os rumos que tomarão
a história que é contada.